quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ativista do movimento de moradia, Gegê é absolvido após nove anos

Matéria publicada pela Rede Brasil Atual

Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, foi absolvido em júri popular no final da tarde desta terça-feira (5), segundo dia de julgamento, no Fórum Criminal da Barra Funda, na capital paulista. A decisão foi anunciada depois de o promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação, ter defendido a inocência do líder do movimento de moradia, classificando como "temerária" sua condenação.

A sessão do júri popular, iniciada na segunda-feira (4), foi acompanhada por vereadores, deputados e um senador. Gegê é membro do Movimento de Moradia no Centro (MMC) e da Central de Movimentos Populares (CMP). A acusação era vista como uma tentativa de criminalização dos movimentos sociais.

Em 2002, Gegê foi acusado de dar carona ao assassino de um homem que morava no acampamento sob coordenação do MMC. Em parte desse período, o ativista teve momentos em que foi considerado foragido da Justiça. Ele se dizia condenado por ter sido impedido de viver com dignidade nos últimos nove anos.

Após a sentença, Gegê afirmou que vai precisar se preocupar com a própria segurança por ter inimigos nas ruas. Claramente entristecido, apesar do resultado, ele explicou que teme agora pela própria vida e não sabe ainda exatamente o que vai fazer. "Estou em liberdade, mas não sei o que está por trás das inimizades fabricadas durante o processo. O caso todo mostra que houve interesses e pessoas que quiseram me incriminar", avisa.

Para o ex-ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos Paulo Vannuchi, o julgamento foi positivo, mas não há lugar para uma "explosão de alegria". "Gegê passou por uma odiosa perseguição por nove anos em que se configurou uma armação policial para criminalizar os movimentos sociais. Armação esta com repercussão judicial", critica. Ele lembra que esse tipo de fato tira anos das pessoas e dos movimentos, ao jogá-los na clandestinidade. "O caso mostra o quanto o Judiciário precisa avançar", pontua.

Adriano Diogo (PT-SP), deputado estadual, lamentou a demora no julgamento do caso. "O inocente ficou 'condenado sem julgamento' por esse tempo todo e sequer a polícia foi atrás do mandante."

Durante a sessão do júri, além do parecer de Tardelli, o advogado de defesa, Guilherme Madi, pediu absolvição lembrando que havia interesse de um grupo com relações estreitas com o tráfico de drogas em dominar o acampamento onde houve o crime, pelo qual Gegê foi acusado de coautoria. O MMC, do qual Gegê é uma das lideranças, estabelecia diretrizes para o acampamento, entre elas a de não haver bebida alcóolica, drogas e violência no local. O interesse desse grupo em encriminá-lo era permitir o controle do acampamento. A postura de Gegê, contrária à circulação de entorpecentes no local, provocou inimizades.

Um comentário:

  1. Vitória dos movimentos sociais: Gegê é absolvido em julgamento histórico.

    Representação cearense também esteve no plenário 4 do Fórum Criminal da Barra Funda/São Paulo, nos dias 4 e 5 de abril, datas memoráveis e inesquecíveis para o movimentos populares. Neste dois dias haveria o julgamento de Luiz Gonzaga da Silva (Gegê) líder do MMC (Movimento de Moradia do Centro), além de expressiva liderança dos movimentos sociais em nivel nacional.

    Gegê vinha sofrendo há cerca de 9 nove anos as acusações injustas de mandante de homicídio e a consequente facilitação da g]fuga dos assassinos. O homicídio fora praticado em agosto de 2002 e daquele dia até o dia 5 de abril de 2011, Gegê não mais teve sossego.

    A comitiva cearense que se deslocou até à capital paulista era composta por 5 pessoas, sendo 4 da CMP (Central de Movimentos Populares) e um do movimento sindical, no caso este que vos fala representando o Sindeletro www.sindeletro.org.br - Sindicato dos Eletricitários do Ceará.


    Realmente inacreditável. Nunca senti tanta emoção de uma só vez. Cada testemunha que depunha contra Gegê, era uma preocupação a mais, era aquela ira incontida contra um mequetrefe como Jorge Leal (MMTI) cujo ódio ao Gegê era visível em cada palavra pronunciada.

    O Hélio (Carroceiro) com aquela estória que o alemão foi peitado pelo Gegê para assassiná-lo, parece mais uma peça de ficção, fato que deixou bem clara a impressão de que era mais um falso instrumento na tentativa de jogarem a pá-de-cal no sepultamento da vida militante do Gegê. A estória do Alemão, contada pelo Hélio, parece ter baixado de paraquedas oriunda das mais intrincadas tramas das páginas "agathachristieanas". Pura ficção de terceira, neste caso!

    O Raimundo Nonato e a Maria dos Reis de Sousa (irmão e esposa da vítima) estes sim, as duas cascavéis deste processo e dessa mirabolante estória que passará para a história dos movimentos sociais como a mais torpe invencionice oriunda de mentes tomadas pela desejo mórbido de incriminar alguém, fruto do ciúme, da inveja e da incompetência para gerir as suas próprias vidas, que dirá a vida de centenas de pessoas que lutam "pelo resgate da cidadania e da dignidade" como tanto enfatizou Gegê durante sua oitiva. O Jorge Leal, presidente do risível MMTI (Movimento de Moradia dos Trabalhadores Individuais) durante oito anos, é o calculista mentor de toda essa trama.

    Mas é isso. O promotor dr. Roberto Tardeli, foi brilhante. O defensor, dr. Guilherme Madi, um jovem advogado apaixonado pelo caso do Gegê, foi de um brilhantismo do mais fino cristal cuidadosamente polido. Grande advogado, não resisti e corri para abraçá-lo e parabenizá-lo pela majestosa defesa que fez. Por alguns instantes as lágrimas não se esquivaram em rolar diante de tanta emoção e felicidade. Aliás, nunca havia chorado tanto em toda minha vida. Esgotei minha cota de choro por pelo menos dez anos.

    E finalmente a certeza de que os movimentos sociais estão de parabéns. O Gegê foi inocentado e a justiça dos homens prevaleceu para corroborar que a justiça divina é soberana e poderá até demorar, mas não falha.

    Parabéns Gegê, parabéns a todos(as) que estivemos no Fórum da Barra Funda nestes memoráveis 4 e 5 de abril de 2011. Parabéns aos Movimentos Sociais e Populares por ganharmos mais esta batalha. Foi bom demais e nós estamos felizes por termos assegurados a condição e o direito de que LUTAR NÃO É CRIME.

    Abraço,
    Geraldo Sales | Juazeiro do Norte|Ce.

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